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Discografia |
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Vida de Verdade
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Biografia |
Escuta este meu desabafo: a cultura pop é bela e é fera, injusta às vezes (como a vida, que verdadeiramente pode ser tão encantadora quanto cruel). Quando encanta, soa como um disco de canções docemente inteligentes; quando é cruel, não concede a verdadeira dimensão ao autor de um trabalho tão inspirado como este Vida de Verdade. Na contramão de quem repudia a canção popular, eu digo: este é um disco tão bom que deveria tocar até em rádio AM, entre o bom-dia-com-voz-de-locutor-antigo e a tradicional-ave-maria (e o que melhor se poderia ouvir na madrugada se não músicas como Quando Aconteceu (A Chance), Feira na Infância e Canção Antiga, a trilogia de refinada candura cravada no meio deste inventário de amor sonoro?). Na vanguarda da jovem guarda, aquela outra trilogia que abre o disco, com Você Não É Tão Legal, Vida de Verdade e Já me Cansei é uma sucessão de pérolas da literatura pop musical - fiz uma eleição de versos prediletos e fico com "tudo o que eu precisava era de uma namorada sorrindo pra mim", simples, direto e feliz como a vida deveria ser. De verdade. Eu nem queria falar muito das referências recorrentes, mas afinal a cultura pop (a que sabe ser bela e fera) é essencialmente composta de referências e não há motivos para se afastar delas. Só que desta vez elas estão tão espalhadas por toda o álbum que fica difícil identificar se uma faixa como Novo Dia soa mais para aquele Robertão de sempre ou Paul Weller (acho que soa mesmo como Frank Jorge, um híbrido de Macca/ Lennon/ Wilson/ Erasmo com sotaque sulista e um coração apaixonado). E o que são os arranjos? O little help from Los Hermanos deu em algo como Pet Sounds Lonely Hearts Mod Band (na boa, cada audição causa uma reação nova reação e eu descubro mais nuanças sonoras). Eu nem queria tocar neste assunto, mas gosto, de verdade, deste disco ser tão universal que não precisa ser catalogado em alguma categoria regional, como "rock gaúcho" (o que soaria tão reducionista), mas gosto também desta discreta ironia gaúcha no jeito de fazer música; e do punch roqueiro mesmo em canções românticas; e do cuidado com as palavras (coisas de um novo escritor, se bem que três livros lançados já é uma história no maravilhoso mundo das letras); e do nítido amadurecimento autoral que este álbum escancara - soar maduro é demonstrar sabedoria, e aqui me permito a chamá-lo de mestre. Amigo Frank, escuta este meu desabafo: se eu pudesse trocar todas estas palavras por um som, eu transformaria esta página na faixa 10 e sairia berrando o refrão/ título da minha música preferida do disco, um destes clássicos instantâneos que o bom pop nos concede de vez em quando: "Você vai gostar de novo de viver". O que mais eu posso dizer? Isto é o que eu chamo de um disco de verdade. |
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Por Artista
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